Durante a noite do Sensation ouvimos uns segundos de uma música que, em tempos, nos fazia sempre rir de tão parva que era... Comentamos com as meninas que nos acompanharam, mas como ninguém conhecia, aqui fica ela: Dá-se prémio a quem perceber o que diz o senhor...
"Nada mais tocante do que a nossa nudez mas as convenções, os tabus, a hipocrisia dos falsos moralismos, fazem–nos às vezes representar papéis que não são nossos, usar máscaras que nos desumanizam e tornam infelizes, apenas pelo medo da reprovação da família, dos amigos, da sociedade. Tememos não ser amados por sermos diferentes do que é suposto ser. Nascemos, vivemos e morremos ao lado de amigos e familiares que se dizem íntimos mas para quem somos e nos são, desconhecidos. Numa família, raras são as pessoas que se conhecem, amam e aceitam verdadeiramente. Queremos o amor dos nossos pais, mas eles próprios nos entregam no berço, o papel que nos esperam ver desempenhar vida fora.Com pouca margem de improviso e criatividade, porque a criatividade faz de nós seres únicos e a diferença paga-se caro. A maior miséria que podemos herdar é o medo que através de gerações, aparece personificado pela incompreensão e desamor, pela guerra, intolerância e ausência de compaixão, de saber estar ao lado de quem sofre. Pela farsa que ele nos leva a representar. As personagens do livro, comungam em gerações diferentes, da mesma mágoa escondida. Cada uma vive à sua maneira, com aceitação, revolta, desânimo, tristeza, impotência ou desespero as consequências de uma sexualidade reprimida porque mal vista ou considerada aberrante. Um medo disfarçado de juiz da moral e dos costumes, que transforma o amor e o sexo em actos vergonhosos quando deviam ser belos e libertadores."